Kizomba é um género musical que recebeu o nome de um género de uma dança (passada) e que tem como significado etimológico de “festa”. Surgiu em Angola em meados dos anos 1980. O ritmo nasceu a partir da fusão de ritmos de Angola (semba, Kazukuta, Kilapanga e outros gêneros tradicionais e em especial os ritmos de carnaval que se mesclaram com o zouk).
Nos anos 50/60 em Angola dançava-se nas grandes farras, conhecidas por “kizombadas” muitos estilos musicais tipicamente angolanos, como o Merengue angolano o Semba a Maringa e o Caduque (que deu origem à Rebita). O ou a Kizomba, como dança, tem origem exactamente nessas farras, com dançarinos de renome como Mateus Pelé do Zangado, João Cometa e Joana Perna Mbunco ou Jack Rumba que eram os mais conhecidos e escreviam no chão (dança na excelência).
Eduardo Paim é considerado um dos fundadores do género kizomba… Não se deixa aqui de referir que os projectos musicais Kijila I, II e III, resultantes do reecontro de Eduardo Paim, em Portugal, com Ruca Van-Dúnem, Ricardo Abreu e Luandino, podem ser considerados um marco importante na formação da estrutura rítmica do género kizomba cita Jomo Fortunato em um dos seus textos sobre a origem da Kizomba.
Depois da independência de Angola (início dos anos 80), o “Zouk” acabou por dominar as festas (kizombadas), e parte substancial das emissões musicais das estações radiofónicas. Encontro rítmico dos ritmos de Angola com o Zouk, resultou no género kizomba que acabou por dominar o gosto dos jovens, nos anos oitenta.
A influência do Zouk tem sido sentida para além da Kizomba, também na lambada brasileira e em outros estilos caribenhos como o Merengue e Soca; são quase sempre citados como fundadores do Zouk Jacob Desvarieux e Pierre Edouard Decimus (deram uma nova alma e dimensão ao Zouk).
Por incrível coincidência os fazedores de Zouk são os descendentes dos antigos escravos que um dia foram levados para as américas; os elementos mais extraordinários da mistura musical do Zouk são baseados nos instrumentos africanos. Esses elementos provêm do tradicional tambor e da música vocalizada e são chamados de gwo ka, encontrados nas colinas de Guadeloupe nas épocas de festivais. Eles são feitos de madeira local com um design africano.
Nos anos 90 o Grupo Nsex Love e mais tarde O2 têm igualmente um encontro em Paris com músicos das Antilhas o que influenciou significativamente as suas sonoridades musicais. Nelo Paim e Caló Pascoal são produtores/instrumentista que incorporam em suas sonoridades a alma do Zouk. A partir de Lisboa Betinho Feijó tem feito igualmente incursões rítmicas próximas do Zouk. Nos últimos 20 anos novos fazedores da kizomba deram outra dimensão ao género, aqui destacamos os contributos de Paulo Flores, Maya Kool, MGM Zangado, Irmãos Almeida, Euclides da Lomba, Sabino Henda, DJ Manya, Margareth do Rosário, Don Kikas, Impactos 4, Yola Semedo, Yola Araújo, Ary, C4 Pedro, Beto Max, Chico Viegas, Punidor, Eddy Tussa, Kenny Bus, Papetchulo, Matias Damásio, Konde, Pérola, HVC, Puto Português, Livong, Kueno Aionda e Ivan Aleixei.
O diálogo entre os continentes Africano e Américano data desde o início da escravatura no longínquo ano de 1450 e dura até os dias de hoje. O Zouk foi criado por africanos e a Kizomba foi igualmente criada por africanos…é o efeito boomerang da cultura, da alma e dos valores africanos em formato música e que regressou ao nosso continente por via do talento e a magia da música.
O processo do nascimento da Kizomba em Angola liderado por Eduardo Paim que tinha sido antecedido pelos Afra Sound Stars e secundado por Ruca Van-dúnem, Ricardo Abreu e Luandino coincidiu com a modernização do Zouk feita a partir de Paris por Jacob e Pierre Edouard Decimus no início dos anos 80…temos em comum os anos 80, os instrumentos musicais, a alma no canto, o carnaval, as festas de massas (do povo), Paris (megapolis e lugar da concentração de músicos africanos; as palavras Zouk e Kizomba significam “festa”.
Divulgação dos diferentes géneros musicais e estilos de dança, celebrando permanentemente estas duas artes universais, que não têm barreiras políticas, culturais nem éticas.